Falamos para a noite como quem ama um corpo. Fazemos com a alma o silêncio que se ouve e traz o sonho.
Somos, meu amigo, os dissidentes que sobram depois da revolução nos vencer. Se estamos juntos é porque se ouve ainda o campanário das aldeias onde nos imigrámos por amor.
Resistimos ainda à espera de qualquer êxodo, louco e trôpego que nos molde os corpos pelo molde do sonho.
Por isso, aqui estamos à luz de uma efémera fala, lado a lado na distante cama que nos junta. Muitos desistem de ser aves. Nós não nos contentamos com menos do que leves nuvens caídas no asfalto.
À espera da condensação dos corpos numa só névoa dourada.
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