Querido muso, a quem por hábito e amor profundo amo em absoluto.
Como deixámos que o tempo nos pusesse aos dois correntes de viva paixão (literária, não literal?) decorrente da exacerbação da vivência poética do nosso encontro (?) nós, dançarinos da noite, inquietos na madrugada, serenos na manhã, lúcidos no dia, resistentes na inflamação e cura desta inspiração mágica, musa, muso, medes a altura do meu mundo, palpitas o quadrante da minha pele, mudas, permaneces, como pudemos crescer tão perto, tu e eu, homem e mulher? Percebes?
Muso meu, muso meu, quem foi mais perversa do que eu? Sim, quem perseverou e teceu os nós da cegueira? Eu, cega e feiticeira
Que faremos com esta culpa, e com a liberdade minha que é agora apenas tua(?)
O tempo que nos demos tem como juros o capital restante das nossas vidas. Não receies abrir a porta, ou mudas, ou muso, eu mudo, eu muda, gritarei por ti até morrer. Vive comigo o instante, um só, e depois, verás que até a morte te passa
O passo que abismas pode ser a libertação (de nós) que te falta, muso, musa, amor meu, um só instante de realidade e depois eu musa apenas (serei) e tu abraçarás enfim a tua liberdade
Isto de ser o que somos é a mais bela voz da paixão adiada
Que seria, musa, muso, a escrita de nós mais embrenhada, escrita na pele, exaurida até ser apagada como um cigarro que arde por si, na nossa fala?
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