Ele temia temer o amor, que o amor lhe ocupasse o corpo, as mãos a sala, o jardim e o tapete. Que o amor definhasse por ser demasiado extenso.
Mas o amor não ocupa espaço a não ser no coração.
Ela temia que ele temesse a possibidade de ela querer um compromisso.
Mas ela sabia que o compromisso mata o amor. A liberdade de estar ou não estar, de dar ou não dar, de sair ou permanecer é a única via que salva o amor.
Ele temia tremer à frente dela, ela temia ser indesejada, ele temia gaguejar, ela temia perder-se nos olhos dele. Temeram demais, durante muitos anos
O amor comparece. As pessoas é que se vestem de roupagens estranhas, quando comparecem. Ou então, preferem não comparecer ao amor com medo de temer o que sempre foi terrivelmente temível: a insegurança.
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