O palacete nos olhos de Sintra, a casa bela ao lume do sol, as arcadas de rosas com um incandescente sol a por-se nelas. Lembro-me que eu era o vidro por onde passavam as emoções. Sem filtro, enrubescíamos por dentro, cada transparência nos juntava na mesm inclinação da luz. Certos momentos agudizavam a floresta, tombavam folhas sobre nós, enleios herbários que mais nos prendiam. E ríamos entre as estátuas interditas, as que pararam, no momento áureo da sua vida e ficaram sós com a eternidade ao pé.
Cada árvore seduzia o olfato, fosse Primavera ou outro tempo menos basto. Rodeávamos os pórticos para ouvir as lendas de outros tempos. Éramos nós o tempo que reconhece os padrôes e os passos do passado. E o medo do que houve. Sabíamos que não éramos nada. Sombras das árvores, almas sem mantimento. Teremos vivido aqui, juntos noutro tempo?
O palacete trancou-nos dentro, como sombras de sombras que lá andaram. Queremos sair? Não se abandona o amor quando se encontra. Os olhos são janelas, os zigurates o peito aberto ao amor, as torres tremem de frio, são o abraço irresoluto, a porta de boca fechada não diz mais nada. Lembrei-me hoje dos amores encarcerados. Eu era mago, tu eras fada.
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