12.8.22

Aritmética morta

Buscamos a névoa poética da criação. Costuma banhar as manhãs de ócio. Ultimamente, até parece que não há pássaros suficientes para fazer poemas. 

Moscas na manhã de verão e loucas cigarras em desgarrada. Nada mais mexe.

Nem as árvores se saúdam. Água lisa parada. Tudo liso no ar.

Buscamos a névoa poética na Natureza. Grande erro! Nesta era já não somos bucólicos tout court. A água cheira ao gasóleo dos barcos de recreio. O silêncio é quebrado pelo duro ronronar dos barcos ou pelos CanadAir que vão aos fogos. E se névoa houver, essa é o fumo que o ar amortece e espalha.

Mas hoje podia nascer qualquer coisa de novo algures, fruto ideal deste silêncio. Podia haver poesia.
Quem nos manda achar lá fora aquilo que só pode vir de dentro?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui um lírio

Recentemente...

No rescaldo do tempo

Como estás hoje no teu mundo? Moras a terra justa, drenas o tempo em barro seco, ou enleias memórias num novelo? A que te sabe o dia, um mor...

Mensagens populares neste blogue