26.8.22

Cartas da noite

As cartas no vento, querido, chegam a tempo, entregues em mão, arrumadas no coração 

A tempo de serem passarinhos loucos, nuvens alagadas, névoas felinas

As cartas voam com a pressa de partir e voltam com a pressa de dizer, voltam a tempo de ficar

As cartas da noite sempre se perdem. A Lua sabe, mas ela nunca distribuiu cartas de amor

À noite cobrem-nos a sedução, o sonho injetável, inadjetivável, uma dimensão para lá das palavras

E as cartas da noite sempre se perdem. Talvez já não saibamos escrever. Estou cansada, querido, e ainda agora comecei a viver


 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui um lírio

Recentemente...

No rescaldo do tempo

Como estás hoje no teu mundo? Moras a terra justa, drenas o tempo em barro seco, ou enleias memórias num novelo? A que te sabe o dia, um mor...

Mensagens populares neste blogue