8.8.22

Sem título

Não sei fazer poemas. Sei captar com lentes a lentidão dos rios quando não correm.
Sinto o mundo a murchar nas rosas secas e capto a essência do que foram.

Devem ter sido mais belas que os meus poemas que nunca soube escrever.

Capto o amor onde o vejo e viajo solta nas voltas do amor, sem que me vejam.

Não sei fazer poemas e acho que nunca os soube fazer. Temos de ser a rosa viva e escrever a sangue o seu declínio.

Temos de reeditar palavras de rio a correr. Ou palavras de vento pousadas nas árvores, trocadas como altos suspiros do entardecer.

Nunca soube fazer poemas. Leio muitos livros intensos nos olhos dos homens. Mas isso não é poesia.

Poesia não é uma recoleção. Nem reconhecimento.

Vai mais longe o poeta que mesmo sem ver devolve  aos outros o crivo do seu ser. E, depois, não esqueçamos que Poesia é verdade, a outra face do saber.


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