13.11.22

As águas brilham mais perto

Às vezes o rio é mais fundo, as águas brilham mais alto, às vezes voam mais aves do cimo do meu telhado

Viesse o amor pousar aqui, como pousam, vadios, os gatos, e eu exultava de luz na força alta dos teus braços

Estar assim desinteressada sem avistar a flor do dia, estar assim enamorada, como nos filmes se via

É como ser cotovia e achar um ninho feito, deixar o calor do peito e receber outro tanto, abençoando o novo leito

Não sei bem imaginar, porque a casa que antes era a casa do nosso afeto, mudou-se já para dentro e não passa aqui perto

Entre a casa e o ninho, as águas brilham mais perto, às vezes eu voo mais alto e o rio corre para o regresso

Enganarei o tempo e a morte, carta, a carta, verso a verso, às vezes com fogo nos olhos, outras com o inverso


Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui um lírio

Recentemente...

No rescaldo do tempo

Como estás hoje no teu mundo? Moras a terra justa, drenas o tempo em barro seco, ou enleias memórias num novelo? A que te sabe o dia, um mor...

Mensagens populares neste blogue