Habito a suspensão do tempo, entre luas mortas e longíquos ventos
o mistério da húmida substância cria raízes no meu peito, sou quase árvore
Cresço na escuridão como a hera ou o eloendro, já não distingo as obras do destino ou os meus erros
Sei que é real o meu sonho e que o meu tempo flui, como água por um despenhadeiro
Podia semear-me profundamente nas altas terras do desejo, ser mulher com cintura de vento, se as raízes não tomaram os meus membros
Para que queremos todos o que queremos? Ser árvore numa falésia frente a um mar inteiro, nada sentir, ter o olhar atento e vivo de um velho faroleiro, é melhor do que ter o insensato sonho aceso
Nas tuas mãos o deponho, sopra-mo para longe, sou árvore não sei se vou ou se venho de viver esse sonho
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