12.7.23

A casa

Não sede nem fome, visito a casa pela sombra rente ao soalho, onde a memória não cede

E vejo ainda os firmes passos da ausência, o brilho da cera a refletir os dias passados

No quarto as flores secaram as palavras, dobradas que foram como mantas para o próximo inverno

Corpo serpente, as escadas separam a morte, que da vida, pouca coisa de porcelana ainda

Saberá a casa e ela apenas o que murmura o silêncio de arcos e ecos infinitos, saberá sequer que nos habita?

Como harpas, como farpas, as memórias andam pé ante pé pela casa. E a casa fomos nós, numa outra vida.

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