Dobrei a poesia como um guardanapo antigo com nódoas fatais de lábios e vinhos diletos, aquela poesia que se serve a frio com gelo e fogo nos dedos.
O que acontece se servir à mesa o mesmo guardanapo, sem que nada se lhe tenha acrescentado de bom?
A poesia tem destes rasgões no peito, sendo insizível a metáfora do cansaço. O que se sentou à minha mesa.
Mas pus-me a pensar que gosto de vinho e de manchar guardanapos com baton. Por isso, arranjas-me um guardanapo novo, uma razão nova, um dia soalheiro, uma noite em que o sono esteja ancorado, como um anjo à tua porta?
Talvez se eu limpar docemente a tua fronte, a tua ferida, com o melhor linho do sudário original, possamos tu sorrir e eu voltar a desdobrar a vida.
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