Rasgamos as dívidas com a mão cansada, uma a uma abatemos as parcelas do que devemos. Como nas vindimas, colhemos, pisamos, deixamos fermentar o amor. Pagamos o passado em suaves débitos da narrativa pessoal.
Esquecemos, meu amor, o atrevimento de ousar e usamos agora estas roupas feridas pelo tempo. Ah, e o temporal, a chuva e o silêncio também os temos de pagar por tanto uso existencial.
E estas palavras agora precavidas já foram de musselina e de organza. Palavras de noivar, palavras de arremesso contra a podridão do mundo.
Hoje debitamos no sangue o que não pudemos encontrar e o mundo nem sequer ficou melhor.
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