5.7.24

Daguerrotópico

O retrato está na parede (vazia), demasiado perfeito para ser verdade

Os retratos já são a morte a olhar-nos, a morte do rosto, a morte do momento

E depois, antes da luz havia a câmara escura e o mistério do rosto 

Amamos por dentro sem a luz dos olhos, buscamos um rosto na câmara escura

Perdemo-nos quando nos encontramos, nus, cegos, dentro de uma redoma barata

Fomos atravessados por dentro num violento golpe do olhar alheio

E, assim, profanados e inseguros, ansiamos e receamos que a imagem exposta seja um perfeito daguerrótipo

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