Pois foste, foste sempre assim:
Frágil, frugral e feiticeira
Sempre nos outros o que (só) achas em ti
O que só se abre em ti
Deste alento e energia, deste a alma, deste o corpo
Deste o teu sangue e sangraste até ao fim
Passou o tempo e voltou a passar
E tu deste, deste, continuas a dar essa pálida energia (que agora reténs)
Esvaziaste o peito, palavra a palavra, até o silêncio apenas te servir
Agora queres apenas salvar, reter alguma coisa, poupar a febre, o fogo, a fala
Algo teu que encha o silêncio, a frugalidade ímpar de estares simples e só, sem chegar nem partir
Porque a peregrinação começou fora e acabou dentro e a solidão é um pátio limpo com magnólias a florir
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