Esta noite não há vento. Os meus dentes não rangem, o meu corpo solto no universo tangencial
E os meus pensamentos presos saem por aí, atraídos pela imponderável ideia de ti
Mas, então, encontro-te.
Não há vento, nem gente a ranger os dentes, por causa de um demorado inverno, o preço das coisas ou algo assim. Só nós.
Respiramos a dor passada mas somos tinta e pintamos ao som da noite as sombras de luz mais belas que já vi
Somos os sultões do swing, os reis do mambo, os loucos do tango, tangente e ininterrupto
Somos a tinta do verso impuro que escrevi.
Enquanto nos espalhamos ébrios pela música de um silêncio e dançamos mudos, assim.
Apetece-me viver. Viver como quem está vivo. Viver contigo, vivos como antes de o tempo nos cobrir de esquecimento. Mas não sei dançar na tua cor.
Como é que vivem os vivos quando não há vento e as árvores que somos se soltam das suas raízes?
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