4.5.25

A dor do mundo

Naquele céu há pássaros que a tempestade espalha, como um véu de aço em movimento

Assim os vejo, rajadas de um fogo aflito

Se eu tivesse ar e respirasse talvez pudesse voar nesse céu coberto de dor, alheia à dor do mundo, que é pior

E tu, amor, tu apenas, doce amor, eras a nuvem, com a crina de um cavalo no olhar

Mas nesse céu as horas e os dias são de uma vida que passou, um céu tão antigo, que abri-lo seria como a dor do mundo, que é pior

Assim vejo esse tempo, rajadas de um fogo aflito, um véu de aço muito transparente, éramos puros e estávamos ao alcance da mão

Era um fogo lindo, agora lento, como um barco que se afundou

Se quiseres vir, com a mesma aflição das aves, procura nos encombros a (nossa) minha verdade. 

Mas vem. Para seres a nuvem que tem a forma de cavalo intemporal. Talvez me leves para onde os homens ainda saibam amar


Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui um lírio

Recentemente...

Saudar o dia

Há uma ave que não se cala, mesmo aqui ao lado. E canta com o propósito único de saudar o dia. Quero que se cale.  Que o meu choro seja audí...

Mensagens populares neste blogue