Naquele céu há pássaros que a tempestade espalha, como um véu de aço em movimento
Assim os vejo, rajadas de um fogo aflito
Se eu tivesse ar e respirasse talvez pudesse voar nesse céu coberto de dor, alheia à dor do mundo, que é pior
E tu, amor, tu apenas, doce amor, eras a nuvem, com a crina de um cavalo no olhar
Mas nesse céu as horas e os dias são de uma vida que passou, um céu tão antigo, que abri-lo seria como a dor do mundo, que é pior
Assim vejo esse tempo, rajadas de um fogo aflito, um véu de aço muito transparente, éramos puros e estávamos ao alcance da mão
Era um fogo lindo, agora lento, como um barco que se afundou
Se quiseres vir, com a mesma aflição das aves, procura nos encombros a (nossa) minha verdade.
Mas vem. Para seres a nuvem que tem a forma de cavalo intemporal. Talvez me leves para onde os homens ainda saibam amar
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