Esta noite, poderias prender as minhas mãos nas tuas para lembrarmos tudo que se derramou de nós, ao enchermos o tempo de inútil semântica
Porque, ouve, eu não sou esse ser etéreo que sai da campa
Nem este chão rasa as nuvens de onde me vês, de onde vens
Por isso, talvez, digo eu, esta noite poderias ter forma e enformares o silêncio com essa planura leve da tua voz
Já que eu sou etérea como um voo de mosca que se alimenta da solidão
Quando o meu corpo é ainda o corpo do amor e a pele informa a idade com que me deito
Sou também matéria atenta dos vermes, mas antes ainda queria olhar o mar sem versos nem vidros
Ver o sol sem rimas ardentes, para vermos juntos o verdadeiro reflexo da dor e depois talvez um "para sempre"
E então, diz-me, com esta rosa de vida que te dou, arrancada aos cardos mais secos do deserto, a morte, como a sentes?
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