Meu querido, digo eu num fio de voz. Meu querido, doce vocativo,
Na casa morna, no canto estreito é aí que eu digo
Que as estrelas se desliguem como pirilampos cegos
Se eu não te chamar ainda, meu querido, meu terno vocativo
E que a casa não se abra ao som da minha voz se eu não te digo e repito
Meu querido, leve poeira luminosa num raio de sol, tua voz aviva a cera com que o digo
Meu querido, é o que eu sinto e tu reclinas a voz. Era sábado ou domingo e eu acordava no corpo da casa, tua ambarina voz, meu querido, rasava-me o ouvido
Agora digo com muita e depois nenhuma convicção, cada vez menos vivo, a voz quebrada no soalho, quase um grito
É assim que eu digo e recito uma lauda de improviso
Que as flores todas se turvem se eu não te chamar ainda, no vão da casa, meu querido
Como um eco que se repete, meu querido, eu digo o doce vocativo, e digo, digo, digo
E o teu nome ido, ido, na casa onde um dia a alta voz dos teus passos se perdeu no mundo
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