14.6.08

corifeu



entre estes muros seculares presenças
a sesta apetece como um recuo no tempo
cortinados leves sedosos adejam
e na razão do ventre o vagar veleja

calma e silêncio na adega moura
tudo cessa quando o lume nos aflora

só as cigarras roucas relampejam,
mas lá fora, como um coro de anjos
enlouquecidos pelo estio

e as amendoeiras em chamas
fosso de perdição, corifeu
tudo traz a sede de frescura

ilhas, flora bela de ventos e ventura
os cabelos na solta maresia
são a vela que nos voga nos sentidos

e entre muros seculares a sede abranda
o fresco cimento fermenta na adega
e nos lábios o trinado das cerejas

são coisas antigas que eu trago na memória
busco-me na tarde: não existo, no elenco
desta estória...

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