conheço-os que nos discutem
como parcelas invisíveis
nos seus sonhos de fura-vidas
homens de meras margens
sem rosas reluzentas na lapela
o sangue é sardinheira
a boca calçada moura
em passos de pente fino
nos cabelos das vielas
tenho medo dos tempos
indexados a taxas que sobem
os nossos desejos
nos cercam de marcas e de modas
e nos cortam os passos
a direito, para não corrermos
assusta-me que aquele que tira o pão
acrescente o subsídio
como se a fosse a cura a causar a doença
terra de homens sem tença
braços vazios na taberna
mãos que já não semeiam
mágoas fundas no bocal de um poço
de murmúrios
cada ser em si definha
o luto da sua vida
tenho medo dos moinhos
que ninguém usa
dos cereais vendidos na bolsa
do preço que pagamos pela água
que livre a terra com o céu permuta
já não há nada que façamos
neste mundo que não tenha
uma norma, uma taxa e uma multa
uma teia que nos envolve
e sumariamente nos esvazia
até ao dia em que legalmente
nos executa
nos executa
nos suspende
nos aparta como
inúteis
socialmente
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linda, muito verdadeira
ResponderEliminarsão os atuais dias
a falta de amor.
Eu falo mais dos escrúpulos das macorestruturas governamentais e estatais... o que nos salva ainda é o amor, mas até ele inoperante, pois é é um amor que reunimos egoisticamente junto aos que nos são mais próximos...
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