
como quem constrói um muro em volta do corpo
ou como se o corpo fosse muralha
e o amanhecer estivesse longe
como um porto
posso fechar a noite com um círculo
e desenhar-te dentro
ou adentrar-te no cerco do meu corpo
fechando num anel a noite
posso sublimar-te
como sombra e cegueira
e amar-te sublimando a trincheira
que ergo e abato
para que me queiras
posso fechar sobre nós o tempo
como uma nave sem rumo
e seguirmos juntos
enlaçados a prumo
podes fechar o cerco
do teu corpo
e vamos juntos
vigorar de amor
a noite clara
o sangue absorto
e eu serei sublimada
num verso fogoso
como água que jorra
para o fundo de um poço,
ou podemos simplesmente
prender os pulsos um no outro
e tornar a noite refém do
mero e circunstancial silêncio
mas em todos os casos
o amor será fogo posto em pasto seco
e arderá connosco o forte lenho,
o brando gozo
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio