22.7.08

flores da terra


são demoradas estas flores da terra
crestadas na planície entre as espigas
as flores dos meus lábios
são pálidos sorrisos

entrego-me ao estio, como a um rio seco
que me acrescente o leito e o repouso
confecciono o silêncio pelas tardes
demoradamente doce este meu fosso
entre a vida e a voz que não gasto
a gritar pela veiga do teu nome

são proféticos os meus dias
de um viver que virá ver-me levitar
qualquer dor na toada do vento

tenho esta paz precisa e lenta
armada num oceano de soaz contentamento
não espero nada que me surpreenda
e nada se surpreende de mim

deve ser esta a formosa fronte
que anuncia o reino dos sentidos

tudo em mim é vizinho do auge
o dulcíssimo, plácido fim...
o abraço que enfim me abrange
um mundo nunca vivido antes


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