21.9.08

de lírios

desenhar a liberdade
na ponta idemne dos dedos
a pintar fragas e fraguedos
fugas e fragatas
incursões secretas
na fome silente do teu sorriso
que não ouço, não leio, não vejo

dunas sagradas
nelas me afundo
areias quentes no meu corpo
o sol por dentro
a tua sede na fonte onde me deito
o teu toque
é um mistério que conheço

como esta tarde
que entardece sem trair o tempo
como todas as coisas previstas
como o desencontro
e a fuga

a viagem que urgento
num quarto sem amarras
velas dentro, âncoras douradas
vergadas ao ventos
vagas vagarosas
um doce tormento

ou a palma das tuas mãos
onde me despenho
rosas imateriais as que hoje tenho
tremuras da voz
ventre ameno
se me falasses hoje
havia mais luz no fundo
do oceano...

falo de lírios
ou de leves lenhos
que nos conduzem o sonho
a ternos enleios
falo de heras entre o sulco dos seios
trepadeiras de eras sedutoras
que vivemos

falo daquele minuto
antes da mancha do tempo
ganhar volume e vontade no véu do ventre
falo de avena e de sabão latente
na pele submissa
no louro queimado na parcela de prazer
que os sentidos apreendem

falo de seda e sedução
mas não de amor somente
falo dos raros momentos
em que a vida nos investe por dentro
e a paixão pura nos vence.

.

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