31.10.08

enovembrar-me

eis que se abeira o mês dos santos
o mês da sementeira...
enovembro-me nesta escrita
sem raiz nem terra

que semear agora que a semente
se perdeu
e o meu livro deixou de ser canteiro,
sem o sol e a surpresa de um olhar
que me escureceu?

agora que me resta
senão o xaile ao fundo da noite
um empréstimo que me deu
a vida que me tem sido agreste

e porém sou feliz com o que me cresceu
este sereno avanço na morte
vendo a vida vedar-me
mais apogeu e mais miséria

esta mediania que me encanta
ser apenas o ser que se levanta
e de olhar rasgado afaga o mundo
com um jardim de camélias ocultas
nos sentidos mais profundos...

.

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