eis que se abeira o mês dos santos
o mês da sementeira...
enovembro-me nesta escrita
sem raiz nem terra
que semear agora que a semente
se perdeu
e o meu livro deixou de ser canteiro,
sem o sol e a surpresa de um olhar
que me escureceu?
agora que me resta
senão o xaile ao fundo da noite
um empréstimo que me deu
a vida que me tem sido agreste
e porém sou feliz com o que me cresceu
este sereno avanço na morte
vendo a vida vedar-me
mais apogeu e mais miséria
esta mediania que me encanta
ser apenas o ser que se levanta
e de olhar rasgado afaga o mundo
com um jardim de camélias ocultas
nos sentidos mais profundos...
.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Recentemente...
Não consigo viver mais dias. Já são tantos e tão inúteis. Preparo lentamente a minha fuga, a maior de sempre. Será rápida e ninguém dará por...
Mensagens populares neste blogue
-
Ele costuma escrever-lhe cartas riscadas como vinil, cartas sem nome, curtas e voláteis, mas ela lia claramente o som da voz, a saudade da...
-
Entre montanhas planeio voos e plano sobretudo o lugar da ilha A vida existe mesmo que a não queira. Mesmo que a chame e a submeta aos pés d...
-
A idade é um percalço programado. Nas pedras é musgo e pó. No corpo é uma delicadeza de cetim amarrotado. Nesse pano acetinado a idade não s...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio