Há músicas que ficam irremediavelmente dentro de nós para sempre. Umas trazem apaziguamento, outras inquietação. Outras vida. Vinha no carro, numa estrada escura, pouco frequentada.Viria abúlica, meditativa, conduzida por um automatismo puramente funcional. Como se me conduzisse, sem propriamente ir. Foi então que ouvi esta canção na rádio. Voltei a mim e a nós, a um Verão de ausência e de profunda saudade. Tudo tão distante e tão intenso e tão feliz. Chorei. Afinal recordamos o quê? A esperança de nos cruzarmos nas letras, com um aceno circunflexo no vector da sílaba? O reconhecimentode um aflorado fio de paixão? A incerteza que condicionava a carga de emoção posta na procura?Quisemos assim, quiseste assim? Fomos mais demorados assim? Ficámos mais pelo caminho?
Chorei de saudades. Como todas as coisas que nos lembram outros que fomos, esta canção dilui-me sal puro no sangue. Uma pedra certeira no lago pacífico. Naquele tempo tu vinhas sempre para dizer adeus e eu ficava a contar os dias para voltares novamente com a partida já na boca da palavra. Entretanto ouvia a música. E sabia que não tinha terminado.
Olá, magnífico texto... Bom fim de semana,
ResponderEliminarBeijinhos,
Fernandinha