31.12.08

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Foto tirada em Jakarta, retirada daqui


chuva, muita chuva
e lama, muita lama
o ano esvai-se em água
diluviano e plácido
sem se importar com o seu nome doravante:
o ano que terminou em água,
o ano que cessou em chuva
talvez o ano da chuva

mas é o ano que lava
e arremessa à sua frente
as pedras e os calhaus
o lixo pessoal que não varremos
a memória líquida onde boiam as coisas
de que não gostámos

que leve também as nossas hipocrisias,
o mito da classe média anadia de peru e passas
o conforto aparente nos maples de napa

que nos leve também os sapos que engolimos
as pressões que nos arrearam , os prazos
os catarros e as farsas

que dissolva os papelões e os faça tectos
que aqueça as malgas dos asilos e dos velhos
que a caridade expire e justiça se faça

que a mesa de todos seja farta
trabalho, equilíbrio e graça
três qualidades esquecidas
para que tudo brilhe na voz
e nas palavras e nas vidas

dispensamos o luxo, queremos
a esperança, dispensamos luzes
queremos sementes de um futuro possível
que a todos, e sem excepção,
possa ser ridente!


(utopia e parvoíce, talvez,
hipocrisia também certamente, mas
caramba, o ano de 2008 foi o ano
que mais gente empobreceu
no mundo inteiro!)



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