14.3.09

violeta ao vento


a tua palavra é um planalto
alonga-se no alto da minha casa
e vem de todos os lugares
a tua ausência
como uma árvore isolada

o teu olhar
se mo entregas, é a chave
que me abre de todas as portas
a mais ousada,
a que franqueamos em segredo
com a pressa da chegada

os poros da tua pele,
se mos abres como frestas,
são fendas e fugas
se a língua ou as mãos
as percorrem, castas

a tua voz, tão veloz e tão vasta
ouço-a cá dentro,
árida e calada como um lamento
acaricio-te suavemente
beijo essa ira, esse olhar dolente
debruo a noite de arminho
pinto o luar de magenta

e entrego-te alada e urgente
a palavra paladina
a que te chama nas ramadas
voz de violino ou de vento
rajada nas janelas
friso que rasga, som de fragas
ou muralhas...

estamos longe,
nada te faria vir à minha noite
nem te lembraria o som do meu nome
mas eu cresço de amor
repetidamente

e o amor assim, que alça o desejo
de ver o verbo vivo
de outro ser
no cerro da noite,
é o amor que verga a solidão
como uma violeta ao vento
frágil e vibrante

.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui um lírio

Recentemente...

Não consigo viver mais dias. Já são tantos e tão inúteis. Preparo lentamente a minha fuga, a maior de sempre. Será rápida e ninguém dará por...

Mensagens populares neste blogue