o pensamento tem muralhas, altas torres de pedra, silêncios vários, pontes para dentro, inelutávis lagos de letragia. estou dentro de mim, sem querer sair. sou-me ventre e venesiana da vida. tudo que se passa lá fora é-me familiar, mas não posso tocar a roda dos acontecimentos. nada me une a outrém, nem sequer a recordação de um leito de rio, nem a transparência de narciso, ou a visão de eros na culminação do prazer. sei que ninguém mais me saberá seguir, nem quero que me dissolvam em unidades de sentido, se me seguirem, à medida que o sal me evapora. agora, só me interessa o que ainda processo internamente, no desprendimento de tudo. é um voo limpo e sereno, uma curva indelével em lugar nenhum. ficar só foi um crime premeditado que perpetrei sem dor. corpo delito, o meu. só eu saberei mergulhar na letargia e sair dela. foi o que soube recolher depois que perdi o lugar idílico do amor, onde nunca fui mais do que a minha exacta miragem, sempre tão longe no horizonte, dunas após as dunas que subi e resvalei sem te encontrar... fiquei cansada de ser, seca como o poço da fala e nada mais me ocorre agora que possa interessar para os autos. culpada. de insistir em alcançar a margem onde nunca estavas.
3.4.09
o pensamento tem muralhas, altas torres de pedra, silêncios vários, pontes para dentro, inelutávis lagos de letragia. estou dentro de mim, sem querer sair. sou-me ventre e venesiana da vida. tudo que se passa lá fora é-me familiar, mas não posso tocar a roda dos acontecimentos. nada me une a outrém, nem sequer a recordação de um leito de rio, nem a transparência de narciso, ou a visão de eros na culminação do prazer. sei que ninguém mais me saberá seguir, nem quero que me dissolvam em unidades de sentido, se me seguirem, à medida que o sal me evapora. agora, só me interessa o que ainda processo internamente, no desprendimento de tudo. é um voo limpo e sereno, uma curva indelével em lugar nenhum. ficar só foi um crime premeditado que perpetrei sem dor. corpo delito, o meu. só eu saberei mergulhar na letargia e sair dela. foi o que soube recolher depois que perdi o lugar idílico do amor, onde nunca fui mais do que a minha exacta miragem, sempre tão longe no horizonte, dunas após as dunas que subi e resvalei sem te encontrar... fiquei cansada de ser, seca como o poço da fala e nada mais me ocorre agora que possa interessar para os autos. culpada. de insistir em alcançar a margem onde nunca estavas.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Recentemente...
Não consigo viver mais dias. Já são tantos e tão inúteis. Preparo lentamente a minha fuga, a maior de sempre. Será rápida e ninguém dará por...
Mensagens populares neste blogue
-
Ele costuma escrever-lhe cartas riscadas como vinil, cartas sem nome, curtas e voláteis, mas ela lia claramente o som da voz, a saudade da...
-
Entre montanhas planeio voos e plano sobretudo o lugar da ilha A vida existe mesmo que a não queira. Mesmo que a chame e a submeta aos pés d...
-
A idade é um percalço programado. Nas pedras é musgo e pó. No corpo é uma delicadeza de cetim amarrotado. Nesse pano acetinado a idade não s...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio