11.9.21

Sem título penso-te no recolhimento do corpo. imagino o que não sei ao imaginar-te preso a mim pela pele dentro, no encaixe de dois vértices que se complementam. esta noite de estrelas frias e luminosos silêncios eu estou no outro lado da tua noite, tu cercas o outro lado do tempo e as nossas ancas repousam lado a lado, como arcos de instrumentos abandonados no intervalo de um concerto. o quarto anexa-nos na sua exiguidade claustrofóbica, tu não te queres cerrado entre estes muros, mas aqui sepultamos mais o tempo. o cárcere desprende-nos a cal sempre que nos tocamos e tu sentes o pó sobre o teu corpo, o arrepio como se língua fosse a pele exultante, tensa na curvatura do leito, uma meia lua o meu corpo, um amplo rio o teu desejo e como, meu amor, nos abismamos, no fundo um do outro em desespero... prendes-me pelos quadris, puxas-me dentro, e acometes-me por inteiro para te largares despossuidamente no estreito infinito do meu corpo. e como meu amor eu te recebo, no zénite de todos os músculos soltos a pulsar contigo no íntimo silêncio de uma noite de rios e lírios tensos, até que os sargaços nos acolham maré a dentro, o remoinho dos sonos cansados do corpo. esta noite estamos lado a lado de ancas contíguas ao vértice do desejo e não há deserto maior do que a nossa vontade de nos repetirmos eternamente dentro. 11/02/O7 Desempoeirando um disco...

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