11.9.21

Cantar Setembro (reedição)

Cantar o canto de Setembro, provar delicadamente o mês do mosto há lá alegria maior que esse momento em que o fruto nos chega aos lábios e nos rende o seu gosto? cantar o mês maduro, a inclinação do sol a nossos pés, a lânguida lonjura do horizonte na podridão dos frutos e pássaros contentes

Ser Setembro no recolhimento, secar os frutos todos do amor, reclinar o olhar no fogo e esquecer

Ser como o camponês que mede o tempo pelos alqueires de trigo amealhado e pelas madrugadas estremunhadas 

Ceifar todos os postulados e filosofias mondar da vida as ilusões, sonhar o canto das cotovias e o voo alto dos falcões, não mais querer que o contentamento da obra terminada, ao rasar de mais um dia, como se o corpo fosse Setembro e o ar viçoso nos tomasse as veias em lenta agonia e gozo.

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