Cantar o canto de Setembro, provar delicadamente o mês do mosto há lá alegria maior que esse momento em que o fruto nos chega aos lábios e nos rende o seu gosto? cantar o mês maduro, a inclinação do sol a nossos pés, a lânguida lonjura do horizonte na podridão dos frutos e pássaros contentes
Ser Setembro no recolhimento, secar os frutos todos do amor, reclinar o olhar no fogo e esquecer
Ser como o camponês que mede o tempo pelos alqueires de trigo amealhado e pelas madrugadas estremunhadas
Ceifar todos os postulados e filosofias mondar da vida as ilusões, sonhar o canto das cotovias e o voo alto dos falcões, não mais querer que o contentamento da obra terminada, ao rasar de mais um dia, como se o corpo fosse Setembro e o ar viçoso nos tomasse as veias em lenta agonia e gozo.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio