9.9.21

O que ainda não fomos

O que ainda não fizemos já foi feito em algum palco obscuro, numa rua qualquer da nossa história. Sobra para sonhar o outono, um passeio ao vento sobre as folhas secas da estação, talvez no Príncipe Real ou noutra dimensão.

Falta-nos talvez a corrida de faces coradas, no inverno, o passeio numa noite estarrecida de luar, quase já verão, a colheita de vida e flores do campo no dia da espiga, um café junto à estátua de um poeta em plena rua citadina. Falta-nos uma despedida.

De resto já fomos tudo, tudo tivemos, até aquela casa baixinha com um jardim que definhava, à medida que nos despíamos sem pudor e nos víamos como somos. Trémulos, mortais e invidentes na nossa condição de amantes traídos pelo tempo.


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