e depois vieram os frios guardados por outros Invernos tão tristes, tão sérios.
negros como corvos vieram um a um os pensamentos fundos,
resistentes a geadas e a degelos, amotinados no corpo, como iões de um super-nova,
buracos negros que se abriram aos pés da realidade.
e depois foi preciso embrulhar tudo no Sol e aquecer um a um os olhos,
os membros, os desejos, os receios.
depois, também começou a longa jornada para o paraíso,
aquele que nos esquecemos de pintar ao acordar; tantas as flores
tantos os claros momentos, tantas as luzes acesas nos telhados,
tantos os frescos ares das serras e dos lagos
tantos os sussurros de árvores, os gorjeios de pássaros
tantos os momentos de suavidade entre os outros
mais agudos e árduos...
depois então veio a mão, uma longa via a percorrer
intensa veia latejante, a mão estendida, quente e cálida
palpitante
só mais tarde virá o sorriso; toda a maturação da natureza
corre com o tempo, cresce e dulcifica o seu sabor
fruto ou flor que seja
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