22.1.10

encontro-te no início
na fonte original das emoções
descubro-te imenso
no delta liso dos sonhos

amanhece tudo
na ponta dos dedos
tactear as nuvens,
sentir o regresso das monções
originar poemas feitos de frutos
adamar o vinho nas veias vivas

amanhece tudo no peito também
vagas ocultas velozes que vêm
quando o dia abriga a novidade

nada acontece
porém
basta a hora nova
o novo horizonte
basta a claridade, a prata do rio
um véu de tristeza nas costas do monte
os prédios tão quietos como aves pousadas

basta ser manhã e tu estares presente
para haver voz na alvorada

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