O meu sangue gira desatento
com a regularidade do sol
não sou poeta
nem escrevo versos vibrantes
daqueles que abalam a letargia
do olhar
O meu falar é simples
e se de orvalho algo se notar
são restos de sal que sobrevêm
fibras nostálgicas
que se distendem
quando te quero falar
Porém, não é simples
o lugar de onde te escrevo
Sento-me nas alturas de um monte
ou num penhasco
face ao deserto do dia
E todas as aves que passarem são sinais certos
de que olhamos da mesma forma
os sinais vivos da vida
Ou todas as nuvens, formas breves e revoltas
sinais leves de algo inconsistente
a atravessar a rotina
Não sei que é. Mas acredita que suspeito
tratar-se de miopia
ou de um fundo defeito
que me faz achar em qualquer lugar
as coisas que não me dizes
quando para outras te espreito
A minha retina não é minha
é a óptica que usas
quando pronominalizas
marginas, mentes e murmuras
o amor que idealizas
A minha visão é, porém
das mais puras, acredita.
Observo e adquiro,
visto e dispo, tomo meu e devolvo pronto
o que tu para outra ditas
...
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