sinuosa dança
aquela que se cruza
num estrado de madeira
raso de verniz
e se desencontra
no tumulto dos pés
ao tocarem estes últimos
enfim
aquilo que a alma
oculta em si
quantas vezes somos
elipse, vazio, mudez
ausência de movimento
e de passos que,
estes últimos,
alegadamente tímidos,
não seguem a mesma rota
que o olhar nos descreve dentro?
ter-te-ei visto?
mas como posso ver-te se apenas
te sinto? terei lido a dança dos teus passos
calçada nos meus?
talvez se mandasses
as senhas que então levavas,
fosse ou não negro alazão
anel raro de rubi,
talvez eu soubesse, meu amor,
talvez eu visse
que os teus passos me cruzavam
e era a sinuosa dança
dos sentidos
o que ouvi
.
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