31.8.10

odores

Seja a lima, o limoeiro,
a hortelã ou o poejo,
seja o sangue da melancia
a maresia, ou o pinheiro  
seja o cheiro queimado de eucalipto,
ou a rosa mais modesta e simples,
todos os odores se conjuram
nos sentidos; fecho os olhos
e a noite avermelha-se junto à lua
sinal de que algures existes,
ou exististe.

O mistério adensa-se
ao fundo escuro da ladeira.
Nuvens velozes levadas pelo vento,
um carro que passa ao fundo da rua
num arrastar lento,
são coisas que sonho e outras que invento
a realidade é um lugar que não existe,
a não ser no modo como a cosemos dentro
assim também o amor e outros
sentimentos: uma evocação
que não se vive, a não ser quando,
odor discreto, néctar distante,
se convoca e se sente.

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