Seja a lima, o limoeiro,
a hortelã ou o poejo,
seja o sangue da melancia
a maresia, ou o pinheiro
seja o cheiro queimado de eucalipto,
ou a rosa mais modesta e simples,
todos os odores se conjuram
nos sentidos; fecho os olhos
e a noite avermelha-se junto à lua
sinal de que algures existes,
ou exististe.
O mistério adensa-se
ao fundo escuro da ladeira.
Nuvens velozes levadas pelo vento,
um carro que passa ao fundo da rua
num arrastar lento,
são coisas que sonho e outras que invento
a realidade é um lugar que não existe,
a não ser no modo como a cosemos dentro
assim também o amor e outros
sentimentos: uma evocação
que não se vive, a não ser quando,
odor discreto, néctar distante,
se convoca e se sente.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Recentemente...
Ângulos
Escuta Esta noite é mais aguda. Alguns cães ainda ladram à passagem da nossa sombra. Eu estou sentada no eixo duma escuridão sem nome. Tu re...
Mensagens populares neste blogue
-
Ele costuma escrever-lhe cartas riscadas como vinil, cartas sem nome, curtas e voláteis, mas ela lia claramente o som da voz, a saudade da...
-
Há quantas luas levamos o tempo às costas, nas mãos alagadas de suor? E há quantas luas lemos os seus sinais, as nuvens que a encobrem, rasa...
-
Atravessar contigo o rio, comove tanto, o passo tonto. Atravessar contigo o rio, uma pedra, outra pedra, saltas tu, salto eu, aqui dá fundo,...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio