Olhando o calendário, descubro dias diferentes, datas notáveis, porque as incipientes não deixam marcas. Hoje haveria razões para abraçar o dia. Mas que importa isso se todos os dias fazemos anos de alguma coisa, todas as horas e todos os minutos fazemos anos do que fomos, fizemos, sentimos...? É o tempo que nos obriga a ritualizar a vida, enquanto relativizamos o presente com o passado, na tentativa de acautelar o futuro. Reconheço-me num dia igual a este, não importam as circunstâncias. Assinalo-me na curva do tempo, na volta do planeta, na estação das colheitas, como quem retoma o ser onde o deixou e nesse regresso renasceu. Hoje é dia de reflectir o Sol e ser diferente, inventar novas rotinas, cristalizar o tempo, desenhar à minha volta as curvas prováveis do horizonte. No calendário de cada um de nós há dias que marcam decisões, mudanças, fronteiras. Este sempre foi o dia da novidade, daquilo que sendo antigo recomeça sempre com um olhar diferente. Falta fechar o ciclo, mas até lá hei-de sempre retomar o mesmo olhar sobre o que me fez crescer e me ajudou a sobreviver.
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