13.2.11

amanhece embrulhada em chuva a deserta urbanidade das coisas
rasteio-me no dia, entre a música angolana do andar de cima
e o agitado grito das aves da cidade, ou dos carros sobre o asfalto,
na estridência dos apitos, no chapinhar dos pneus tão apressados...

todas as coisas criam empatia com o silêncio
e o silêncio é um malmequer lento que se rasga
folha a folha, mas não vem claramente

queria uma folha branca, ou uma nuvem
e no meu colo um lenço de paz, longo e branco
como a manhã

apagaria tudo, menos as aves
menos as crianças e os seus risos

num dia assim, pesa-me o ramo de inquietudes
o frenesim tribal nos minutos que se escoam 

é urgente uma nuvem e uma suspensão de tudo
no ruído da cidade - um outro ritmo -
talvez um diálogo de árvores

para que enfim haja lugar a nuvens e ventos leves
e se encontre a deserta (e silente) urbanidade
como era dantes, quando chovia e eu fazia
versos no betão, por entre as grades

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