Mesmo sabendo que o mundo já nos percorreu, nada nos impede de percorrer o mundo à sua revelia.
Se ouço neste momento o mar, é porque o mar está dentro de mim, tal como a neve a chuva e o vento.
Deve haver centenas de milhar de modos de dizer, fixar e eternizar o efémero. Mas antes disso, há o prazer de viver esse ocsional momento, como o passageiro de um transatlântico que não perde um só fôlego marinho para aproveitar a passagem.
Devo ter falado sobre isto com uma colega de trabalho que hoje partiu. A propósito do cinema, da poesia, da literatura e da arte em geral. De tudo que perpetua a vida.
Só sei que ela me legou o seu riso, o seu modo único de viver cada momento como se o mundo, com ou sem dores, fosse uma coisa divertida, feita para não se levar a sério.
E, no que toca ao nosso modo particular de ser, quanto mais a viagem se demora, mais
o mar nos preenche. Era assim, ela. Partiu cheia de muito e deixou as suas gargalhadas.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Recentemente...
Ângulos
Escuta Esta noite é mais aguda. Alguns cães ainda ladram à passagem da nossa sombra. Eu estou sentada no eixo duma escuridão sem nome. Tu re...
Mensagens populares neste blogue
-
Ele costuma escrever-lhe cartas riscadas como vinil, cartas sem nome, curtas e voláteis, mas ela lia claramente o som da voz, a saudade da...
-
Há quantas luas levamos o tempo às costas, nas mãos alagadas de suor? E há quantas luas lemos os seus sinais, as nuvens que a encobrem, rasa...
-
Atravessar contigo o rio, comove tanto, o passo tonto. Atravessar contigo o rio, uma pedra, outra pedra, saltas tu, salto eu, aqui dá fundo,...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio