31.8.19

Uma ampulheta no coração

Aceita o ciclo da vida mas não te alinhes pela dispersão que notas no universo. Tu és o que puseste ser. Agora une-te e ata-te a ti mesmo ao tempo que não queres perder.

Na verdade, saberes de ti é conheceres o lugar relativo do teu tempo. O teu ciclo é como o de uma locomotiva antiga. Percorre todas as estações e em todas para. É muito cedo para te apeares longe do que és. Segue e deixa para trás as coisas da hora em que não nasceste.

Se disse que morri, não é verdade. Se os meus olhos perderam luz, não é verdade.
Tenho este modo de olhar ao longe, que é a minha forma de olhar para te ver melhor. Tenho uma fuga de luz. Mas não de vida.

Colhe as rosas do teu tempo. Faz a tua cama no meio delas. Eu saberei cortar alguns espinhos sempre que venhas como os antigos à proteção das vestais. E a minha deusa, aquela que venero, é a vida.

Não queiras viver como quem traz a vida
aos ombros e uma ampulheta perto do coração.


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