O meu vestido azul dança com as espigas do último verāo, mesmo sendo outono com um matiz de primavera
e é como se eu andasse pelo bosque a apregoar amoras
e a inverter a ordem das cores e das estações.
É tal qual como reverter a sequência genética do amor,
e sentir no outono o fogo do verāo com a febre dos fenos de abril.
E, no entanto, é inverno e as copas das árvores despiram a magreza dos troncos.
Os corpos ganham a vulnerabilidade de um frio maior que o da morte, quando não se cobrem das pequenas migalhas do sonho.
Podemos amar-nos de inverno sob um plátano desfolhado, lido, desassombrado?
Nenhum vestido azul consegue cobrir a nudez das palavras de amor e estas não sāo fruto de uma só estação. Podemos amar-nos na luz coada de uma vida sulcada por demasiada solidāo?
12.10.19
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