14.11.19

estradas da noite


como é longa a noite das pedras
a noite de granizo nas janelas
a noite estonteante, solitária, inóspita,
bela

sem ti a noite fica assim,
sumida no som da chuva

mas depois lembro-me que todas as noites
foram sem ti, com a tua sombra a rondar,
longa e sumida na chuva de novembro
mas sem ti na câmara do desejo

ainda hoje não compreendo
como podem ser tão lentas e sinuosas
as estradas da noite (longa e sumida)
no teu peito - tu que me olhaste
uma vez, uma vez apenas, por dentro

desejo a chuva como a ternura do teu corpo
guio-te, estrela oculta, para o rodopio do meu peito
elevo-te à luz dos meus olhos,
rodeio-te levemente ébria
e levemente lúcida te beijo



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