um parêntesis curvo
inclinado para o teu coração
para um abraço de longe
um abraço
na pele como no papel
é preciso fechá-lo e selá-lo
ou o parêntesis inclui-se
a si mesmo na categoria
das coisas contínuas
é preciso colar com mel
cada momento de doação
para não recomeçar
o ciclo incansável das abelhas
obreiras ágeis da criação
é preciso amassar o tempo
devagar, com as duas mãos,
sem repetir gestos,
nem palavras
porque único é cada momento
de encontro
única a voz adoçada de ternura
única a dor da distância
entre o muro e a muralha
o mar e a maré
fecha parêntesis.
faltam as reticências
por onde escapou algo como a crença,
a fé, a renovação
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