26.6.20

arestas do tempo

as rosas que aquela mulher tem no colo
não são de amor, são de renúncia

Lídia, muda e confusa
à beira de um rio que um homem
enlaça e desenlaça na sua mente
profusa

mas outras mulheres não foram musas
caladas e esbeltas como enfusas
(Símbolos da tentação superada)

esta, nascida para sofrer
nas planícies mais belas
o colar que cravou no pescoço
não lho tiraram ao morrer

os olhos que cravou no futuro
são azeitonas plangentes
de uma vida que venceu
sendo mulher intensamente

Florbela, Cecília ou Emily
com oceanos entre si
vestiram-se de penas
como intensas aves
das planícies do porvir

estas mulheres foram
arestas do tempo

renunciaram? desistiram?
nunca
nem sequer nesse gesto breve
do inevitável partir

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