se eu alguma vez quiser que me dês o mundo,
é mentira
tu já me deste o mundo e não há mais mundo
para dar
se em ti eu pesar mais do que o mundo
apagamos o mundo e ficas leve
se eu te atalhar todos os caminhos
abrimos mais onde eu não esteja
se eu ocupar o teu sangue
faz-se uma transfusão de seiva e sal
se eu te ferir seja onde for
que a ferida expanda em mim a mesma dor
se a vida nos afastar
deixamos um fio de pesca para podermos voltar
mas agora, deixa-me ter por mais uns dias
a ilusão do teu amor, como se, bem-aventurada mulher,
recebesse de um anjo a anunciação de algo a crescer
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