7.7.20

como dizer-te...

como dizer-te como me comove essa energia que transpiras
essa força de homem, essa tua paixão forte pela noite e pela vida

como dizer-te que essa comoção que me acomete também me traz
o choro feliz de quem se sente dentro do outro que o conhece

como te direi que a tua mão estendida me conduz devagarinho
para uma extensão da vida, quando dentro chora a melodia
e o tempo é fuga para voltar e volta para não fugir

devolves-me a mim, despenhas-me em ti, abraças-me, envolves-me na noite,
cruzas o meu olhar como uma estrela cadente

meu amor, não sei premir as teclas certas com as minhas mãos reunidas
porque as palavras são tímidas espigas que apenas se sabem inclinar para ti
e não sei como as diga

não é um poema o que te escrevo, são rosas comovidas, são lírios inadvertidos
para tanta água junta, tanta suavidade lida na voz com que me perguntas

e eu respondo a tudo sem dizer nada, porque sem ser perguntada já te tinha
respondido (Blimunda fez o mesmo a Baltazar)

vemo-nos por dentro, nas manhãs claras,  não há nada mais a esconder,
depois de nos escondermos tanto. é tão simples quando dois se olham
e se entregam entre medo e espanto: bebe deste copo o que me mora dentro:

meu amor, tudo que me dás é mais do que eu esperei ter merecido
e se agora choro com um sorriso é porque me fazes sentir a dor e o riso
o perdão e o paraíso com esses teus lábios - de onde saem suaves ventos alísios


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