Na Bíblia, que é a matriz de tudo, a dúvida quase não aparece na boca dos profetas.
As parábolas convergem para o verbo crer, tirando Judas que quis ver para acreditar.
Mas no nosso mundo adverso já não cremos em nada. Somos positivistas, cientificamente prováveis, desconfiamos do outro, tememos o contacto, encaramos cada um como aquele que já traz na sua mão a aresta da nossa morte.
Também no amor a dúvida mata.
Somos inseguros face à predisposição do ente amado.
Mas eu digo, creio sem precisar de ver. Se sou insegura, é porque me sinto diferente de ti, talvez inadequada para ti.
É um milagre, a verdade que construímos. Só acontece uma vez na vida de cada um. E eu creio em nós como creio no amanhecer da Terra, nas estrelas da noite, nos decibéis do vento.
Creio que a terra é ainda um paraíso para quem vive acompanhado. Duvido, sim, dos homens que querem dividir em raças a humanidade.
Não creio nos políticos nem nas seitas religiosas, nem no extremismo que quer o extermínio.
Creio nos homens pobres que ganham duramente o seu salário, nas mulheres que criam os filhos e trabalham.
Creio na justiça do céu e no segredo dos ateus.
Creio-te, quero-te meu.
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