16.8.20

Espera

Esta noite, meu amor,
a partir de agora, vamos inventar o sempre que se demora.

Brande a espada como outrora, eu afio as setas e viso-te da minha janela.

Vem agudizar-me a espera. Pela calada da noite, abres o mistério do meu corpo e entornas sobre mim a água do teu coração.

Somos dois arcos e esferas. Rodeamos o diâmetro da pele,
roçamos a palavra funda e sincera.

Eu direi o teu nome e acendo o brilho dos teus olhos. Mergulho neles de corpo e mãos e absorvo a tua graça, o teu sorriso, o teu odor,
e é na tua pele que me desfaço em água pura dos meus ossos.

Amas-me e desapareces. Fico de seta em punho e chamo-te já para a véspera do meu leito. Onde me deleito e me desdobro para ti.

Com amor e paixão num abraço azul sem fim.


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