Visitarei agora os teus sonhos. Vou entrar como fada vestida de seda e organdi. Não poderei tropeçar no teu corpo, nem levá-lo com água perfumada de jasmim. Sou etérea e incorpórea.
Porém, demoro-me, mulher, na tua postura, enrolado sobre ti, com a mais fetal das posições, mas abandonado ao sono. Acaricio a tua pele com os meus olhos e, de longe, com as mãos.
Aspiro o perfume do teu corpo, longamente, e deixo-me levar pela tentação de te proteger e amar. Mas não.
Entrarei nos teus sonhos, na tua alma, na tua mente. Preciso da chave. Não a tenho.
Então, em suspenso, aproximei-me dos teus lábios e aflorei-os com o cetim e a suavidade dos meus lábios de mulher.
O teu pálido sorriso de prazer foi a chave. Entrei nos teus sonhos como fada. O que ela viu, o que ela fez, não sei, mas tu acordarás com o mesmo pálido sorriso de prazer.
Fiquei de fora. Não tenho a perfeição de todas as mulheres, nem me reunirás nunca em todas. Sou apenas aquela que nunca te completará e que falha muitas vezes a métrica das palavras de amor.
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