A levedura pousada no poema: a massa cresce e a escrita transborda.
Este é um não-poema que precisa de transbordar. A levedura é o pó de amor. Mas o amor não faz um poema.
O sofrimento sim, a lágrima do abandono leveda profundamente as palavras.
O poema cresce e o amor transborda a par da dolorosa consciência de que já não saem palavras de amor que sejam bailarinas em pontas com asas de cisne.
Também já não há eco do outro lado da montanha. Como se a lava petrificasse o amor em pleno voo.
Para todos os efeitos, hoje transborda tudo. A vontade de dar e a carência de receber.
Mas talvez as palavras transbordem solidão a mais. Em todo o caso, mesmo sem levedura, esta massa alta é feita com muito carinho e com raspas abundantes de amor.
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